Um dia o Bandeirante Raposo Tavares subiu o Grande Rio. Era cristão-novo, um judeu, forçado. Graças aos Bandeirantes como ele, hoje o Basil é tão grande, e na Amazonia se fala o português, e não espanhol.
Depois de Raposo outros da fé mosaica também seguiriam seu mesmo caminho. Já se vão mais de 200 anos. Tangidos pela intolerância, os judeus do Marrocos sofrido atravessaram o oceano, subindo o Grande Rio, chegando até Iquitos no Peru. Se estabeleceram ao longo das suas margens, penetrando rios e igarapés.
Tinham nomes curiosos, os mesmos que hoje aparecem em placas de ruas, nas obras, em consultórios. Nomes como Alcolumbre, atestando a ponderável densidade da contribuição judaica para o desenvolvimento da Amazonia, onde foram erguidas sinagogas, cemitérios. Levando junto a sua religiosidade, muito contribuiram para o progresso da Amazonia, primeiro como comerciantes e empreendedores, e mais tarde como profissionais liberais, empresarios, militares.
Uma visita a Macapá é suficiente para avaliar a ponderavel densidade da contribuição judaica para o desenvolvimento da Amazonia. Aparentemente oculta pela selva, a presença judaica revela-se em toda a sua plenitude para um observador atento.
Basta andar pela cidade. Em Macapa o Porto se chama Major Eliezer Levy, antigo prefeito da cidade. Nos confins do Acre, Guajara-Mirim, fronteira com a Bolivia, nomes judaicos sefaradim são comuns no comercio, na politica. Tantas e tantas cidades, onde houve e há sinagogas, cemiterios.
Mas os séculos passaram, fazendo com que muitos olvidassem suas origens, na convivência com os descendentes do colonizador europeu, dos árabes mercadores, escravos d’Africa e indígenas, desmentindo a calunia dos anti-semitas, que os judeus não se misturam.
Os israelitas se integraram muito bem, e hoje são tão amazonenses, paraenses ou amapaenses quanto qualquer outro. Segundo o Prof. Samuel I. Benchimol, Z”L (1923-2002), autor de “Eretz Amazonia”, Professor e notavel estudioso expoente da cultura amazonida, haveriam no minimo 50 mil descendentes daqueles judeus marroquinos, numero este que poderia chegar a quase 300 mil, a imensa maioria já afastada do judaismo.
Andando pelas ruas arborizadas ae Macapá, contemplamos alguns rostos de passantes. Em um e outro, aqui e ali nos parece possível identificar traços do biótipo judaico-marroquino. Mesmo os que deixaram a Casa de David não puderam abjurar o DNA, que faz reviver fisionomias daqueles piedosos judeus de Tanger, Tetuan, Fez e Agadir.
A imensidão da Amazonia abençoada. As belas sinagogas, as escolinhas, os eminentes rabinos, na terra dos rios de muitos meandros, imensos ainda que à distância, caudalosos, a selva protegendo as riquezas do subsolo, quantos trilhões ainda a pesquisar.
Ajudar a fazer deste pais uma nação cada vez mais justa para seus filhos. Esta é a contribuição que o Brasil espera de Davi Alcolumbre.
Eretz Amazônia – A Selva nos Une!